quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Educação para todos que possam pagar

O conceituado Prof.º Marcos Bagno falou, em seu blog sobre a catástrofe dos cursos de Letras e suas conseqüências em salas de aula.

(Link da postagem do Prof.º Marcos Bagno http://www.marcosbagno.com.br/conteudo/arquivos/art_carosamigos-novembro.htm)

Mas quem foram seus professores? Como esses alunos tiveram acesso a universidade? Hipocrisia a parte, sabemos que numa universidade pública esses alunos não tiveram a menor chance, por tanto é sabido que o acesso a universidade das classes desfavorecidas se dá pelas faculdades particulares. Interessante como os papéis se invertem, pois os antigos alunos de escolas particulares, hoje são os universitários e futuros pós-graduados de instituições públicas. Já nossos antigos alunos de escolas públicas, hoje são os universitários de instituições particulares.
Se alunos de classes desfavorecidas pagam mensalidades altas de cursos universitários, a duração do curso será levada em consideração, pois quanto menos tempo durar esse curso, menos ele terá que pagar. Se você fosse o dono de uma universidade particular, sabendo que seu corpo discente é formado por alunos pobres que pagam com dificuldade as mensalidades, o que você faria? Isso mesmo! Você reduziria o tempo de curso, para atrair seu público alvo. E partindo do ponto que esses mesmos alunos procuram em grande escala pelo curso de Letras, entendemos porque o curso de Letras, que na sua “época de glória” durava 5 anos hoje está reduzido a 3 anos.
Agora vamos ao ponto colocado pelo Profº Marcos Bagno, que mencionou que muito desses alunos irão ter seu primeiro contato com romances e textos teóricos na faculdade, e a faculdade terá apenas 3 anos para passar todo conteúdo de uma vida inteira para esse futuro professor. O problema não para por ai, pois esse aluno terá que se tornar crítico, analisador, argumentador e criativo, ou seja, se transformar num formador de opinião, além de um leitor nato, que fala corretamente e entende quando alguém “fala bonito”.
Já o corpo docente que não oferece uma formação decente não é tão culpada assim, até porque, ele sabe a realidade daquele aluno, a dificuldade para pagar a mensalidade, e até mesmo a dificuldade de estar em sala de aula depois de um longo dia de trabalho. Além disso, esse professor tem 3 anos para transformar o “sapo em príncipe”, mesmo sabendo que isso será impossível. E ainda existe uma questão muito delicada chamada MOTIVAÇÃO, e se o aluno perde essa motivação, ele nunca mais voltará para a faculdade.
A verdade é que a catástrofe do curso de Letras vai muito além do curso. Em minha opinião seria maravilhoso acrescentar dois anos ao curso somente para preparar os alunos despreparados, mas na ponta do lápis isso sairia muito caro para eles, como professor, reprovar várias vezes o aluno para que ele domine sua matéria seria o ideal, mas isso desmotivaria um aluno que já é demasiadamente desmotivado pela sociedade, e por fim o que resta é lhe entregar o “canudo” e esperar que ele nunca pise numa sala de aula ou pensado de uma maneira otimista, esperar que esse “recém-formado professor desqualificado” estude mais, busque pelo conhecimento que lhe foi roubado pelo nosso governo corrupto, tenha consciência de sua incapacidade e assim se torne um bom profissional.

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